Os próximos dinossauros

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Fomos enganados acerca do conceito de riqueza. Ensinaram-nos que a chave para a felicidade reside no sucesso e que, se nos esforçarmos o suficiente, alcançaremos o que é nosso por direito. Mas tal paradigma nos conduziu a uma sociedade que cresceu a todo custo, sacrificando tudo em prol do poder e da fama. Hoje, a disputa é por atenção, pois acreditamos que isso nos levará ao dinheiro e ao poder.

“O homem é o lobo do homem”, disse Thomas Hobbes, e parece que a luta pelo poder e pela riqueza nos transformou em criaturas mais ferozes do que jamais imaginamos. Mas será que essa busca desenfreada realmente nos trará a felicidade?

Não nego a importância dos confortos básicos, pois eles são parte do conforto do espírito. A criatividade necessita de um solo fértil e saudável para se expressar, mas precisamos cada vez mais de coisas supérfluas para preencher o vazio que sentimos em nós.

Não questiono o viver bem, mas sim o excesso e a visão distorcida que o sistema nos impõe. Se aprendêssemos a ser felizes independentemente de nossas posses, poderíamos ter mais espaço vazio para criar.

“A riqueza consiste muito mais em desfrutar do que possuir”, disse Aristóteles. Se nos concentrássemos em desfrutar a vida, em vez de possuí-la, poderíamos encontrar a verdadeira felicidade.

O afastamento do homem da natureza é o maior conflito que vejo nesta valorização do excesso. E não bastasse isso, estamos tão presos em nossas buscas por lucro que destruímos nossas próprias casas. Todos somos responsáveis por isso, sendo preciso um esforço conjunto para combater essa situação apocalíptica.

“O homem é a medida de todas as coisas”, disse Protágoras, mas talvez tenhamos esquecido que somos apenas pequenas peças no movimento universal. Devemos buscar a sincronia do nosso tempo mental com o tempo natural.

“O que não pode ser curado deve ser transcrito”, disse Friedrich Nietzsche. Devemos transcender a sociedade doente, egoísta e imoral em que vivemos e buscar a luz. Precisamos mudar nossa rota antes que nos tornemos os próximos dinossauros.

A verdadeira riqueza está dentro de nós mesmos, em nossa capacidade de encontrar a felicidade e a plenitude em coisas simples da vida. Como disse o filósofo Epicuro, “Não é rico aquele que possui muitas riquezas, mas aquele que não precisa de nada”. Devemos nos libertar das amarras impostas pela sociedade e buscar uma conexão mais profunda com a natureza e com o nosso eu interior. Como disse o poeta Rumi, “Seja como uma árvore e deixe as folhas secas caírem”. Deixemos para trás a superficialidade e abracemos a simplicidade, a autenticidade e a sabedoria. E assim, quem sabe, possamos encontrar a verdadeira riqueza que nos permite viver em harmonia conosco mesmos, com os outros e com o universo.

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